Amigo,
Li a
matéria “Reta Final”, gostei muito de suas ponderações a respeito da evolução
do PPP, sobre o assunto tenho alguns comentários que enfocam a necessidade do
governo estabelecer a clareza de objetivos.
.
Se
o PPP for só a busca de recursos pelos motivos da não existência desses nos
aparelhos do estado, esse programa se tornará mais uma forma de captação
financeira no mercado. Se, no entanto, o governo acreditar na iniciativa
privada como melhor gestor e utilizar a sua parceria para de forma inequívoca
demonstrar esse espírito ao mercado, empresas e sociedade, os mecanismos de
captação de recursos e formas de associação, que são sobejamente conhecidas,
terão garantido sucesso frente à demanda explicita existente no País e suas
potencialidades de rentabilidade.
A
parceria pública privada não é novidade no Brasil, na verdade, as diferenças
entre os mais diversos programas se notam, exclusivamente, nas nuances
relativas às destinações dos recursos originados.
Na
fase inflacionária se destinavam, na sua maioria, às iniciativas fora dos
programas financiados com recursos originários das poupanças públicas.
Nesses
casos situam-se os programas da SUDAM, SUDENE, entre outros, onde, através da
renuncia fiscal e alocação de recursos orçamentários o governo participava no
financiamento de projetos de "DESENVOLVIMENTO". Essas parcerias se
tornaram pífias, com custos altíssimos para o contribuinte em função dos
desequilíbrios fiscais que causaram e os parcos resultados atingidos.
Exemplifica-se neste caso como degeneração de objetivos, a frase que era comum
entre os financiados da época, quando os recursos se destinavam à capitalização
com a participação acionária nos projetos: "dinheiro de custo zero".
Nesta
mesma linha podemos citar, com uma participação mais ativa do mercado de
capitais, os projetos e empresas financiadas pelo BNDESPAR e Fundo 157, também
com resultados muito aquém de satisfatórios.
Na
mesma época, todos os projetos de infra-estrutura foram financiados diretamente
pelas poupanças "públicas" - FGTS, através do BNH,
financiou aos estados e municípios saneamento básico, infra-estrutura de
habitação. Todos os programas referentes à energia, telecomunicações,
metalurgia, mineração, etc. foram financiados pela captação de recursos por
instrumentos fiscais, contanto também com recursos da poupança privada através
de subscrição de debêntures ações e outros instrumentos, que caracterizam de
outra forma uma parceria pública privada. Havia nestes casos uma transferência
de recursos privados para fundos públicos de financiamento.
Com
o agravamento do desequilíbrio fiscal, - principalmente causado pelo
descontrole e ineficiência desses programas - financiado cada vez de forma mais
crescente pelo imposto inflacionário, a linha de procedimento citada chegou à
exaustão.
Soma-se
a esta situação crítica do ponto de vista econômico a desordem político
administrativa que se implantou em meados da década de 80, que causou um
conjunto desordenado de planos, programas, legislações etc., sendo a mais
nefasta a confusão estabelecida pela Constituição de 1988, principalmente no
capítulo da ordem econômica e no estabelecimento das responsabilidades do
estado no financiamento dos seus custos.
Essa
situação resulta na estagnação do processo de desenvolvimento e com a aceleração
da inflação de custos, com resultados muito bem observados no período de
hiper-inflação e suas notoriamente conhecidas conseqüências.
Esta
conjuntura se torna evidente e agregada a uma demanda por uma solução
sustentável teve por decorrência, no inicio da década de 90, o programa de
reestruturação do Estado e o início do primeiro projeto efetivo de
privatizações onde de certa forma procurava-se um mecanismo de Parceria Público
Privada. Nesta época vivia-se um período de hiper-inflação e com a credibilidade
política do País em níveis críticos e por conseqüência escassez de recursos
para financiamento e participação em projetos e empreendimentos, fossem
públicos ou privados.
Por
outro lado, na medida em que os programas de saneamento das finanças públicas
passaram a ter efeito, com a redução das taxas de inflação e inicio de
estabilidade das contas públicas, esses programas de privatizações - e
conseqüentemente a parceria pública privada - passaram ter incrível sucesso,
com o maior aporte de recursos que se tem notícia na história.
No
entanto essas iniciativas passaram a esbarrar em um tímido e confuso programa
de instrumentos regulatórios onde de alguma forma o estado não se liberava
totalmente, mantendo sempre uma atuação burocrática, paternalista e confusa,
principalmente quanto à manutenção dos princípios contratados e evolução futura
dos negócios.
O
efeito dessa situação que permanece, no momento, de forma inclusive mais aguda,
é à ocorrência de um estado de espera, onde os gestores de capitais aguardam
uma definição que possam apresentar a seus clientes, objetivando uma fixação de
interesse.
Pelos
exemplos do passado não podemos apresentar, nesse novo programa (PPP), uma
posição fraca e indefinida, principalmente tendo em vista a origem homogênea
dos capitais disponíveis – todos originários de renda diferida, seja de
salários, - fundos de pensão etc. -seja de capitais, extremamente rigorosos
quanto aos riscos de suas aplicações.
Desta
forma o sucesso do PPP só tem um caminho, o País demonstrar que
quer a parceria público privada pelas qualidades de gestão e logística da
iniciativa privada e fundamentada na segurança política que o governo pode
demonstrar quanto às regras de operação dos projetos e programas envolvidos.
A não existência de dúvidas quanto a esses
princípios viabiliza e minimiza os custos – exemplo taxas de juros - as
incertezas na medida que se acumulam, encarecem a ponto de inviabilizar.
Assim
repetindo o Dr, Otávio Bulhões, quando consultado em uma época de crise não
muito remota, por um conjunto de emissários do Governo, inclusive um Ministro
de Estado, qual seria a solução para o Brasil. Respondeu: Porque vocês não
tentam o capitalismo, verão que da certo.
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