Artigo que escrevi em 2014
Para entendermos a questão da permanente presença da
inflação no Brasil temos que fazer a união entre ética e teoria econômica.
Com a tratada não artigo de 1993, Ética e inflação por
(Eduardo Giannetti da Fonseca)
“No
entanto, embora este problema não seja obviamente uma questão exclusiva do
brasileiro, acredito que existe hoje, entre nós, um grande consenso quanto ao
fato de que o problema moral no Brasil é atualmente de uma gravidade inusitada
e que estamos nos defrontando com uma deterioração visível das regras de convivência
em sociedade, uma deterioração que, eventualmente, pode vir até mesmo a
comprometer a vida comunitária organizada em nosso país. Os sintomas mais
visíveis disso são a escalada da violência e da criminalidade, a avalanche de
escândalos de corrupção no governo, as ondas de saque e vandalismo, o
desrespeito generalizado às normas de trânsito, a contestação a juízes nos
esportes, a deterioração da qualidade das publicações expostas nas bancas de
jornal, em suma, o esgarçamento das exigências básicas da vida comunitária.
Seria fácil se o problema todo estivesse, como tantos imaginam, apenas com “os
políticos”, ou com “a elite”, ou com “os outros”. Infelizmente, não está. O
problema ético na sociedade brasileira é de todos e de cada um de nós, e sem
encará-lo de frente não vamos conseguir sair da encrenca em que nos metemos”
A
inflação estimula o imediatismo o oportunismo e a corrupção.
Todos
querem colher o que outros plantaram
As qualidades éticas dos agentes econômicos é, com certeza,
a chave do desempenho das economias nacionais e do crescimento. Para Marshall,
“objetos, organização, técnica eram acessórios: o que importava era a qualidade
do homem”. Daí a sua ênfase na importância econômica da educação e a conclusão
de que “o mais valioso de todos os capitais é aquele investido em seres
humanos”. Isso representava, para Marshall, uma verdade estritamente econômica.
O que é interessante observar é que a colocação genérica
mais conhecida nesse sentido é sem dúvida aquela feita pelo economista inglês
John Maynard Keynes em The Economic Consequence of Peace (1919):
Através
de um processo contínuo de inflação, os governos podem confiscar, de modo
secreto e despercebido, parte importante da riqueza de seus cidadãos.
Com
este método, eles não apenas confiscam, mas confiscam arbitrariamente e,
enquanto, o processo empobrece a muitos, de fato enriquece a alguns... A medida
que a inflação avança e o valor real da moeda flutua de forma errática de um
mês para outro, todas as relações permanentes entre devedores e credores, que
formam o fundamento último do capitalismo, se tomam tão completamente
desordenadas a ponto de se tornarem quase desprovidas de sentido. O processo de
busca de riqueza degenera em jogo e loteria... Não há forma mais sutil e segura
de destruir os alicerces da sociedade do que a desmoralização de sua moeda.
Esse processo engaja todas as forças ocultas das leis econômicas do lado da
destruição, e o faz de um modo que nem um homem em um milhão é capaz de
diagnosticar.
Esta
era também a posição do principal oponente teórico de Keynes no período entre
guerras. Em Against
Inflation (1979),
Lord Robbins, preocupado com a taxa inflacionária na Inglaterra no final dos
anos 70, discute a relação entre inflação e moralidade e argumenta que a
ausência de um padrão monetário estável é não somente um mal econômico e
social, mas também um mal ético:
A
honestidade pública e privada tendem a se deteriorar na atmosfera de cassino
engendrada pela inflação alta. A inflação, tal qual nós a conhecemos através da
história, corrompe e distorce toda a base da sociedade. Eu não afirmo que o
mundo chegará ao seu fim se nós degenerarmos até a posição da América Latina.
Mas o que digo é que uma inflação da ordem de grandeza que estamos presenciando
[15% ao ano], gradualmente acarreta uma mudança radical de atitude - uma
mudança geral e deplorável de atitude em toda sociedade.
A inflação é exatamente isso. A unidade básica de medida do
trabalho e do valor que deveria ser o Real no nosso bolso deixa de cumprir essa
função. O poder de compra da moeda flutua de forma errática de um mês para
outro, O resultado é um verdadeiro hospício econômico — a escalada e a
exacerbação do conflito inútil, gera um império do ganho ilícito e a
decomposição moral do estado e da sociedade.
A inflação rompe a regra moral básica sobre a qual se erguem
as relações de mercado. Numa economia de mercado, o critério de sucesso
econômico é a capacidade do indivíduo ou da empresa em produzir bens e serviços
para os quais existem compradores dispostos a pagar, com seu próprio trabalho,
pelo menos o que custou produzi-los. O custo de produção inclui obviamente um
lucro normal, que é a remuneração do capital utilizado na produção do bem.
Quais têm sido os critérios de sucesso econômico para os
indivíduos e as empresas no Brasil, particularmente na última década? Ao invés
de vencer pela competição no mercado econômico dentro do que seria a regra
normal numa economia capitalista, a grande maioria dos empreendimentos
vitoriosos no Brasil, no período recente, obteve sucesso através de dois
caminhos que não têm nada a ver com a eficiência micro: o acesso privilegiado
ao Governo em Brasília ou aos detentores do poder político nos estados e municípios.
Dilma sucedendo Lula não resiste a tentativa distópica como
disse Simonsen governar através de uma “máquina farisaica gastadora e
irresponsável que domina um estado” corrupto por natureza voltam a pajelança de
tentar combater a inflação pelos seus efeitos, empanturrados em processos
messiânicos, congelamentos simulados que se tornarão mais dia menos dia em
fúteis frustrações, déficit públicos crescentes, dissimulados em artifícios que
somente tem o condão de descontruir a credibilidade política.
A cada dia se inventa uma salvação, Mais Médicos,
Pre-sal, Snowdagem.
O Brasil depois de passar por um período em que se pode ter
algum horizonte volta à opção pelo atraso tecnológico, pela xenofobia, pelo
estatismo, pelo capitalismo cartorial das empresas campeãs, financiadas pelo
BNDES com um protecionismo ilusório.
Voltamos ao descontrole das contas públicas, as alquimias
com o intuito a maquiar as demonstrações contábeis do governo, ao invés de
melhorem pioram, pois, por demais sabidas evidenciam mais instabilidades e
afetam a confiança.
O Governo gasta, em auxílios, cotas, subsídios consumistas,
sem isto, sem aquilo, desonerações... bolsas ....etc., falsas regulações
moralizadoras, enfim, qualquer coisa, para seduzir, gerar uma imediata e
falsa sensação de justiça e bem estar, este estilo de demanda é o ovo da serpente
inflacionária, mais do que comprovado.
É o Estado da salvação pelo social.
Faz-se de tudo para manter a Monarquia do poder político,
afinal esta foi a única forma de prosperar. O trabalho o enriquecimento através
da produção é literalmente execrado. O que importa é fazer rir ao Rei.
Errar não é burrice.
Burrice é repetir os erros achando que vai dar certo. Isto é
uma síndrome recorrente que parece ser condição para ser político no Brasil
Reproduzo a seguir aqui as palavras de Mario Simonsen em
artigo publicado na Veja em 1987 que infelizmente está cada vez mais atual;
“O apelidado” progressismo” é a confluência da subcultura
com oportunismo. Subcultura é a sensibilidade inconsequente
O Brasil segue como que atraído por uma maçã mágica ao
destino bolivariano ao exemplo das tragédias argentinas, venezuelanas, etc., é
possível que alguns poucos acreditem na “salvação pelo social” sempre existirão
os crédulos e os incautos, mas a maioria quer mesmo é se locupletar, são os
capitalista da pior espécie, que promovem a apropriação por poucos burocratas
do trabalho de muitos.
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