O final do primeiro turno das eleições deste 2014, apresenta depois de muitos anos, estou para dizer séculos, algo de novo, aliás, era uma tendência que já se observava discreta há algumas outras eleições, mas nesta ficou evidente. A existência de uma sociedade que se move politicamente contra a tutela e rejeita o dogmatismo populista eleitoreiro, não originado no PT , mas neste com apurada personificação.
Nos estados do Sul/Sudeste o PT e o Lulismo foram severamente derrotados, demonstrando a rejeição da sociedade ao populismo e a dominação do Estado por uma plutocracia partidária à moda do fascismo italiano do início do século passado, revivido no bolivarianismo sul americano. Exceção desta constância no Sudeste, ocorrida em Minas, deve-se talvez à sua proximidade à Bahia e ao Nordeste, naqueles seus municípios do interior, mais sujeitos a servidão assistencial do estado, que continuam ainda sob a mesma influência do paterno/coronelismo. Mas mesmo em Minas, onde o PT elegeu o Governador, Dilma não obteve a maioria sendo superada pelos votos somados de Aécio e Marina.
No Nordeste este movimento ainda não chegou, mas já se observa uma certa tendência a exemplo de Pernambuco, onde por influência de PSB e principalmente de Eduardo Campos, o PT não logrou êxito, não elegendo nem um Deputado Federal.
No Brasil mais desenvolvido e por consequência com os melhores níveis de IDH à sociedade rejeitou, por princípio, o fisiologismo totalitário do PT, que se diz distribuidor de felicidades, como se portador fosse de uma varinha de condão, jactando-se de se dizer dono do poder de determinar: crie--se empregos e estes serão criados, do mesmo modo, escolas, médicos, hospitais, casas etc.. Exercendo na prepotência, imbuído de magnitude imperial, arauto que fez isto, isso e aquilo, esquecendo que todo o produto de uma nação é o resultado do conjunto de trabalho de seus indivíduos e que só o trabalho e o sacrifício destes pode produzir bem estar.
Esta política efetivamente foi defenestrada nas urnas nos estados mais desenvolvidos onde as pessoas passam a ter mais consciência de suas reais aptidões e demandas e se reconhecem não pacientes dependentes de um processo de servidão ao estado.
Lula com seu discurso "nunca antes neste País" onde se apropria com "Criador" de todo o Brasil, foi o grande derrotado, até no Nordeste, onde no seu Pernambuco, como já dito, o PT não elegeu nenhum Deputado Federal.
Marina foi uma grata surpresa, apesar de originária do mais profundo sindicalismo petistas soube se renovar com inteligência. Aliada a Eduardo Campos, conjugou suas metas de sustentabilidade ambiental a uma moderna visão econômica liberal, no ideário desenvolvido por profissionais do quilate de Eduardo Gianetti, que acompanham a atual e real visão de liberdade democrática.
Colhida pela tragédia de Santos que vitimou Eduardo, soube crescer e conduzir com sucesso uma campanha eleitoral, enfrentando uma adversária com posturas onde a decência e o bom caráter ficaram distantes, sofreu ataques de baixo calão e soube responder com altivez, em sua simplicidade foi estadista. Sem abrir mão de suas convicções soube dirigir politicamente o legado da coligação proposta por Eduardo, combinando com habilidade as divergências, em um trabalho político maduro. Deixou seu recado e teve votos, mais de 20 milhões. Agora é instada a prosseguir, não é fácil, o aparente insucesso leva-a reflexão.
A união com Aécio é o caminho, os programas de governo são convergentes, principalmente na área econômica, a política de prioridade ambientalista é tônica mundial e oxigena a velha social democracia, no mais é só ajustar, com certeza será para melhor.
O PSDB ganhou músculos com suas vitórias contundentes nos estados do Sul e Sudeste, mas é necessário se multiplicar, o insucesso no Norte e Nordeste demonstra que existe necessidades a evoluir para um programa de maior amplitude nacional, nesta linha o PSB vem como fonte inspiradora e renovadora principalmente pelo legado de Eduardo Campos e a oxigenação do pensamento de Marina, vivamente demonstrado no resultado de Pernambuco e em outros estados do Norte/Nordeste.
O PSB que ficou órfão com a morte de Eduardo passa a ver um futuro no legado de seus princípios, dando músculos aos de Marina e a união PSDB/PSB deixa de lado a velha política de projeto de poder, para um projeto de governo, fundamento nos mais basilares princípios da moderna democracia, longe da tutela populista e chegando finalmente depois de séculos, na convergência da democracia liberal, onde os indivíduos divergentes convivem em harmonia e respeito.
Este é um caminho que com certeza dará certo.
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