quinta-feira, agosto 19, 2010

Algumas reflexões

Independente dos termos em que pautei meu artigo anterior, nos últimos dias e principalmente em função do inicio do horário político no radio e na televisão, algumas considerações sobre o resultado do pleito que se avizinha e estão em todas as rodas, conversas de cafés, botequins etc. me provocam a algumas reflexões. Por certo estas ponderações que muito embora não lhes afirme como definitiva, sob alguns pontos de vista têm se apresentado como provável, daí vale a análise. Esta é a hipótese: Dilma venceria a eleição presidencial já no primeiro turno com algo em torno de 60% dos votos válidos. Nessa situação teríamos no day after a maior campeã de votos da história do país. Em torno de 70 milhões, superando com larga vantagem os resultados de seu antecessor, mentor e criador, o Presidente Lula, que só conseguiu se eleger, depois de vários insucessos, nas votações em segundo turno e equacionadas por composições e alianças políticas das mais esdrúxulas, o que lhe obrigou a uns cem números de concessões, favores, loteamento de cargos etc. Observem que neste caso a Dilma que sairia das urnas estaria com toda a legitimidade de poder de forma incontestável, a diferença de uma Cristina Kirchner, dependente por matrimônio de seu marido. O povo a teria sufragado legitima e fragorosamente nas urnas. Inclusive nesse caso as composições e arranjos feitos, exemplo caso Ciro Gomes, lhe passaram a largo, montadas na sua totalidade por influência e determinações de Lula, que deixa o cargo e não será mais nada. Ela não compôs a música, a letra e muito menos o arranjo, foi Lula, mas vai reger a orquestra. Putin deixou a Presidência na Rússia, mas para manter o poder é primeiro ministro. Sem caneta, diário oficial ou exército, não existe poder. Emblemáticos alguns casos de criadores e criaturas da política nacional, Maluf e Pita, Quércia e Fleury, Garotinho e Rosinha, só neste último, por motivos óbvios não houve ruptura. Então, qual seria a Dilma que amanheceria dia 4 de outubro se essa fosse a história. A mulher guerrilheira, originada da menininha rebelde libertária, romântica e radical do colégio Sion de BH, que se embrenhou na luta armada, participando diretamente de assaltos, assassinatos etc., foi presa, condenada e cumpriu pena. A esposa astuta do político Carlos Araujo, veterano brizolista do PDT, que cumpriu função num dos piores governos estaduais que se tem notícia no RS ou mesmo do Brasil, marcado pelo peleguismo, corrupção e ineficiência, que sepultou o que restava da herança de Brizola. A Dilma do PT não tem história a que existe é a de Lula. Quem será esta Presidente? O Lula deu continuidade ao governo Itamar/FHC nos seus fundamentos. Em termos práticos associou-se ao grande capital nacional, ao mercado financeiro, ao mesmo tempo em que afagava a esquerda em atitudes perfunctórias do tipo da questão hondurenha, das visitas a Fidel, ou mesmo Chaves e a bomba iraniana. Manteve o PT e seus aliados tipos CUT etc. através de nomeações para cargos, empregos e conselhos, aparelhando politicamente todas as estruturas disponíveis ao estado. Concedeu aos partidos aliados feudos em empresas e repartições públicas, mas sempre marcados por alguém de seu PT. Em síntese, foi hábil, não construiu nada não mudou nada, se promoveu. A idéia de seqüência criativa e desenvolvimentista é a maior ilusão, lula não trabalhou, não é do seu feitio, mas o Brasil tinha gordura de muitos anos e a sorte da conjuntura o bafejou. Na realidade, no entanto, por inoperância e falta de iniciativa, sua herança de fato é um desastre, todo o sistema de governo está comprometido, desde a política monetária tocada em uma nota só com os juros, às questões econômicas mais profundas como a matriz energética, a logística de infra-estrutura, o desenvolvimento tecnológico, sem falar dos aspectos burocráticos da vida empresarial. Só a Petrobras com o imbróglio em que se meteu com o pré-sal, que demanda uma injeção de capital astronômica e outras aventuras de menor porte, como as refinarias fora de logística, é problema para ninguém botar defeito. A questão tributária pendente de uma reforma há muito tempo só foi tocada para gerar mais tributos A previdência foi deixada a margem ninguém sabe para onde vai, educação saúde e tudo o mais onde se procura não se encontra uma definição programática. Não mencionei nem um terço das mazelas. Assim repito, como será Dilma do alto de seus fantásticos de 70 milhões de votos, se confirmados os prognósticos. Qual das duas? Aparecerá uma terceira? Os Brasileiros vão bancar esta aposta, este salto no vazio? Dia 4 de outubro começaremos a saber.

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