domingo, julho 30, 2017

Reforma da Previdência Uma Fábula


(Ary Alcantara)

Previdência é uma das realidades mais observadas na natureza.

Todos os seres vivos de uma forma ou de outra provêem.

Fabulista Esopo século VII AC, descrito por Aristóteles e referenciado por Platão, em sua fábula a Cigarra e a Formiga transmitida por tradição oral, recontada por La Fontaine no século XVIII.

A lição que esta fábula procura passar há milênios é a da previdência


No Brasil, no contexto do Sítio do Pica-Pau Amarelo, pelo escritor Monteiro Lobato, um argumento mais afeito à realidade do país. (Fábulas. [1])

Lobato a reinterpreta, como era de seu estilo, criticando a exaltação à acumulação de bens, que são valores burgueses do capitalismo.

Esta manifestação é de suma relevância pois nos revela todo o contexto em que se pautou a organização do Estado Brasileiro a partir da visão socialista do Estado de Bem Estar.


Neste conjunto vale duas visões que tem muito a ver com o assunto no qual se discute no Brasil.

No primeiro, se vende um produto que é a consciência de prover durante a vase produtiva, imaginando-se ter rendimentos “dignos” para deleitar a inatividade. Neste caso trata-se exclusivamente de uma mercadoria ofertada no mercado para atender esta realidade. Garantir um modelo de assegurar renda à inatividade através da formação de fundos previdenciários de poupança.

No outro, vale a interpretação de Monteiro Lobato muito bem-dita nas palavras da Boneca Emília “que não é boba nem nada” e interfere para não deixar que a formiga rabugenta maltrate a pobre cigarra.

Lobato assim se refere ao inseto pedinte:

"Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha (...)", pois era uma "pobre cigarra, em seu galhinho, manquitolando, com uma asa a arrastar, triste mendiga, a tossir", ao passo que a formiga assume um papel de algoz e "Não soube compreender a cigarra, com dureza a repeliu de sua porta" pois ela "era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres".[6]
Conclui Lobato assim a história: "Resultado: a cigarra ali morreu; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?", desta forma valorizando os artistas, tais como os poetas, músicos e pintores — cigarras da vida real.[6]
Cabe a menina Narizinho, o papel de defender a formiga: "Esta fábula está errada! – gritou Narizinho. Vovó nos leu aquele livro do Maeterlinck sobre a vida das formigas – e lá a gente vê que as formigas são os únicos insetos caridosos que existem. Formiga má como essa nunca houve."[6][nota 1]

Os brasileiros ao invés de comprar a mercadoria securitária da poupança, acreditaram na fábula política expressa no sentimento solidário tão bem contado por Monteiro Lobato e como a Boneca Emília em sua entrevista com La Fontaine (Reinações de Narizinho), reescrevem a história:

“(...) Emília mandou que a cigarra batesse na porta outra vez. A cigarra obedeceu, batendo três toc-tocs. Veio a formiga espiar quem era. Dando com a mesma cigarra, disse-lhe um grande desaforo e já lhe ia batendo com a porta no nariz outra vez quando Emília a agarrou pela perna seca e a puxou para fora.

– Chegou tua vez, malvada! Há mil anos que a senhora me anda a dar com essa porcaria de porta no focinho das cigarras, mas chegou o dia. Quem vai levar porta no nariz és tu, sua cara de coruja seca!
O Sr. de La Fontaine teve de pedir para Emília parar, senão a formiga morreria e isso estragaria a sua fábula. “

A moral das histórias é a seguinte: assim como a cigarra não pode passar o verão cantando sem trabalhar, as formigas também não podem negar ajuda. Isso não é fazer bem ao semelhante.


Este é o caso brasileiro somos formigas e cigarras. O que precisamos e escolher o autor e sua versão da fábula.

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