(Ary Alcantara)
Previdência é uma das realidades mais observadas na natureza.
Todos os seres vivos de uma forma ou de outra provêem.
Fabulista Esopo século VII AC, descrito por
Aristóteles e referenciado por Platão, em sua fábula a Cigarra e a Formiga
transmitida por tradição oral, recontada por La Fontaine no século XVIII.
A lição que esta fábula procura passar há milênios é a
da previdência
No Brasil, no contexto do Sítio do Pica-Pau Amarelo, pelo escritor
Monteiro Lobato, um argumento mais afeito à realidade do país. (Fábulas. [1])
Lobato a reinterpreta, como era de seu estilo,
criticando a exaltação à acumulação de bens, que são valores burgueses do
capitalismo.
Esta manifestação é de suma relevância pois nos revela
todo o contexto em que se pautou a organização do Estado Brasileiro a partir da
visão socialista do Estado de Bem Estar.
Neste conjunto vale duas visões que tem muito a ver com o assunto
no qual se discute no Brasil.
No primeiro, se vende um produto que é a consciência de
prover durante a vase produtiva, imaginando-se ter rendimentos “dignos” para
deleitar a inatividade. Neste caso trata-se exclusivamente de uma mercadoria ofertada
no mercado para atender esta realidade. Garantir um modelo de assegurar renda à
inatividade através da formação de fundos previdenciários de poupança.
No outro, vale a interpretação de Monteiro Lobato muito bem-dita
nas palavras da Boneca Emília “que não é
boba nem nada” e interfere para não deixar que a formiga rabugenta maltrate
a pobre cigarra.
Lobato assim se refere ao inseto pedinte:
"Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de
chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha (...)", pois
era uma "pobre cigarra, em seu galhinho, manquitolando, com uma asa a
arrastar, triste mendiga, a tossir", ao passo que a formiga assume um
papel de algoz e "Não soube compreender a cigarra, com dureza a repeliu
de sua porta" pois ela "era uma usurária sem entranhas. Além
disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la
querida de todos os seres".[6]
Conclui Lobato assim a história: "Resultado: a
cigarra ali morreu; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto
mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra
morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria
pela falta dela?", desta forma valorizando os artistas, tais como os
poetas, músicos e pintores — cigarras da vida real.[6]
Cabe a menina Narizinho, o
papel de defender a formiga: "Esta fábula está errada! – gritou
Narizinho. Vovó nos leu aquele livro do Maeterlinck sobre a vida das formigas
– e lá a gente vê que as formigas são os únicos insetos caridosos que existem.
Formiga má como essa nunca houve."[6][nota 1]
Os brasileiros ao invés de comprar a mercadoria securitária
da poupança, acreditaram na fábula política expressa no sentimento solidário
tão bem contado por Monteiro Lobato e como a Boneca Emília em sua entrevista
com La Fontaine (Reinações de Narizinho), reescrevem a história:
“(...) Emília mandou
que a cigarra batesse na porta outra vez. A cigarra obedeceu, batendo três
toc-tocs. Veio a formiga espiar quem era. Dando com a mesma cigarra, disse-lhe
um grande desaforo e já lhe ia batendo com a porta no nariz outra vez quando
Emília a agarrou pela perna seca e a puxou para fora.
– Chegou tua vez, malvada! Há mil anos que a senhora me anda a dar com essa porcaria de porta no focinho das cigarras, mas chegou o dia. Quem vai levar porta no nariz és tu, sua cara de coruja seca!
– Chegou tua vez, malvada! Há mil anos que a senhora me anda a dar com essa porcaria de porta no focinho das cigarras, mas chegou o dia. Quem vai levar porta no nariz és tu, sua cara de coruja seca!
O Sr. de La Fontaine
teve de pedir para Emília parar, senão a formiga morreria e isso estragaria a
sua fábula. “
A moral das histórias é a seguinte: assim como a cigarra não pode passar o verão cantando sem trabalhar, as formigas também não podem negar ajuda. Isso não é fazer bem ao semelhante.
A moral das histórias é a seguinte: assim como a cigarra não pode passar o verão cantando sem trabalhar, as formigas também não podem negar ajuda. Isso não é fazer bem ao semelhante.
Este é o caso brasileiro somos formigas e cigarras. O que
precisamos e escolher o autor e sua versão da fábula.
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