quinta-feira, março 05, 2009

Viva o Rei Luiz

Viva o Rei Luiz A vitória de Fernando Collor para presidir a Comissão de Infra Estrutura do Senado Federal, pôs a descoberto de forma evidente toda uma malha de interesses, conspirações e culturas por onde marcham os caminhos da sociedade Brasileira, na sua, na maioria das vezes vã, tentativa de se impor como nação politicamente organizada, numa forma sustentável de ordenamento político, social e econômico. A posição legislativa de liderança e destaque do ex-presidente – cassado e com seus diretos políticos suspensos por falta de decoro – reflete o desprezo que a sociedade manifesta pela atividade parlamentar. Desprezo esse que este ex-presidente, à semelhança do atual nunca escondeu e é reflexo de suas personalidades autoritárias e caudilhistas Nada mais evidente do desprezo a ação democrática que os índices de aprovação às figuras autoritárias e pantagruélicas dos executivos, nunca tão bem representados como por Lula e Collor. Alimentam-se vorazmente de tudo a sua volta, partidos, judiciário etc. Põem a seus serviços todo e qualquer que lhes possam ser útil, sem buscar identidade, razão, probidade qualquer valor, só o poder importa e o servilismo mendicante é o melhor cúmplice. Sarney, Renan, Juca, etc. O legislativo é apenas uma caixa de ressonância do executivo, não tem iniciativa na origem de nenhuma norma, apenas referenda e finge discutir, não se assume não responde. Desmoraliza-se. Não se abstrai deste aspecto por mais que tente o judiciário, cada vez mais politizado e dependente em suas decisões. O exemplo mais claro e evidente foram os motivos elencados para justificar o TSE a cessação de Jackson Lago do governo do Maranhão, retornando-o à família do Presidente do Senado, Sarney, que só para este fim ascendeu a este a cargo em seu ocaso político. Não se consegue ver a justificativa das razões, valeu a barganha, aliás, este e o nome da norma. Espantar-se? A síntese dos três poderes independentes e harmônicos nunca foi a exegese da alma política brasileira muito ligada ao soberano – temos o Rei do Futebol, Rei Momo, A Rainha da Bateria e outros tantos – neste trecho de artigo que na crise emergiu a queda de Fernando Collor escrevi e abaixo transcrevo, tentei sintetizar minha opinião. DA MONARQUIA À REPÚBLICA A questão não é se esta ou aquela forma de governo é a melhor, mas a que melhor se aplica. - À CONSTITUIÇÃO E A REFORMA A República Brasileira criada em função de uma crise militar, na verdade não modificou uma forma de governo, mas, simplesmente, aumentou o absolutismo, transferindo o do Imperador para o Presidente eleito (muito natural se considerarmos a origem da cultura militar do movimento, somada à também absolutista Maçonaria). Se analisarmos profundamente a crise do Império, anterior e pós Guerra do Paraguai, resultante na República, veremos que na verdade não tínhamos uma crise da monarquia, mas uma profunda crise política com reflexos econômicos que, como hoje, tinha origem na luta pelo poder com dificuldades inconciliáveis, mercê das disparidades regionais e principalmente na reação a uma visão mais atualizada das relações políticas e econômicas que já, na época, se apresentavam nas novas democracias. A República, na verdade, foi proclamada para garantir a manutenção de determinadas oligarquias regionais e econômicas em nome de um pseudo-modernismo e da segurança nacional, muito naturalmente apoiada nas forças armadas, conservadoras e reacionárias às mudanças. Desta forma conservadora a República nasceu. Apenas transferindo a crise da figura do Imperador para a do Presidente da República e transformando a disputa eleitoral numa batalha acirrada, dado que o que esta em jogo, é a substituição de toda uma oligarquia imperial como o vêm demonstrando estes funestos cem anos de absolutismo republicano. Nestes mesmos fundamentos, originaram se todas as outras crises e movimentos políticos, modificando-se em nuances, mas mantendo-se nos princípios. Os raros períodos que tivemos de desenvolvimento ordenado foram acidentais e na maioria das vezes com custo altíssimo ao processo da liberdade individual democrática. Desta guerra política e periódica que, como em qualquer conflito, à vitória todas as armas são validas, temos tido como conseqüência à desordem institucional da qual o mais evidente demonstrativo tem sido o câncer inflacionário.

Nenhum comentário: