terça-feira, agosto 08, 2006

Sobre patinação, decolagens, “candidatos naturais” e outras cositas mas

Sobre patinação, decolagens, “candidatos naturais” e outras cositas mas

A mais nova fase dos comentários políticos eleitorais elege como um dos seus motes sobre a candidatura Alckmin, os resultados das pesquisas e frases do tipo, continua patinando, não decola, e mais recentemente, a respeitada articulista Lúcia Hipólito pondera sobre candidaturas naturais, atribuindo a do Geraldo a falta de naturalidade como motivo de seus problemas.

O candidato Lula é candidato há mais de trinta anos. Primeiro, como líder sindical único e consentido pelo regime militar, representava pela figura estereotipada do “sapo barbudo”, a ameaça velada do padrão político que ninguém gostaria de ver conduzindo a nação, um bicho papão para assustar.
Foi a base para o PT, nascia o partido do Lula, parecia à esquerda, tinha a imagem da esquerda, mas era só dele, um projeto total de poder, arregimentou seus iguais, os que se lhe opunham, mantinha, enquanto podiam lhe servir, depois defenestrava, nunca admitiu oposição, comandava tudo com mão de ferro e controle total, nada lhe escapava.
No decorrer do tempo seu projeto vicejou, formou uma estrutura econômica, financeira e administrativa de forma corrupta e criminosa, imbatível, todo o poder estava centralizado, os métodos, práticas políticas e outros procedimentos menos ortodoxos, eram determinados às bases pelo núcleo central e tinham uma disciplina férrea, foram vinte e cinco anos sob um único comando, estruturado com objetividade castrense.
Contornou todos os óbices, se elegeu Presidente
Tudo pelo poder.
Mais ainda, apropriou-se dos méritos, obras, programas e projetos alheios sem a menor cerimônia, como se lhes tivesse criado do nada.
Na fingida imagem da linguagem simples e inculta, manifestava sua arrogância impune.
Recriou o mundo e redescobriu o Brasil.
Numa mentira repetida, que se impõe pela retórica Goebbeliana, amorteceu a moral pública, tudo se perdoa à sua ingenuidade, nunca soube de nenhum dos fatos denunciados, se algo mais sério lhe apresentam e não tem como fugir, diz-se traído, sem apontar o traidor, num cinismo sem par, apresenta-se como vítima, para no minuto seguinte assumir sua magnitude.
Nunca trabalhou, só faz política e campanha eleitoral, na Presidência, inaugura obras não concluídas, cita números falsos sem o menor pudor, afinal é um pobre “operário”
Com esta exposição, objetividade e estrutura, como não liderar as pesquisas e ser o seu próprio candidato natural.
Presidente “não candidato” não patina, já decolou,
Será?
É possível enganar-se todos o tempo todo?
Se for, é o destino, Deus não é Brasileiro.

Geraldo Alckmin é exatamente o contrário.
Criou-se na antiga estrutura do MDB, lutou pela plena democracia, pelos votos, desde vereador, prefeito, deputado até governador.
Fez oposição, conquistou alianças, arregimentou aliados, submeteu-se as maiorias, compôs com minorias, não inventou um partido próprio a sua imagem e semelhança, é um democrata.
Como bom político democrata, atendeu a seus aliados, suas origens e principalmente ao seu senso de dever, apresentando-se a seu partido como alternativa para a candidatura à Presidência da República.
Não lhe cabia fugir, alienar-se, tinha que se apresentar à disputa, como numa democracia de fato e que se almeja consolidar, não era, nem poderia ser “candidato natural” pois estes só existem em estruturas absolutas e totalitárias, o consenso só pode existir depois da disputa e do conflito de idéias e ideais, a unanimidade sempre é burra, no processo democrata não existem vencidos nem vencedores, sempre se caminha para a conciliação e para o respeito.
Hoje, Geraldo processa, dentro da lei e do calendário eleitoral, a organização de sua estrutura de campanha e projeto de governo, compondo com respeito e dignidade suas alianças, não é um processo draconiano nem ditatorial é um somatório de anseios e obrigações a serem ordenados, é um grande processo de entendimentos e concessões.
Não está montando um projeto de poder, mas de um governo democrático, para toda uma nação
Não patina, na verdade decola , não é como um vôo de galinha, barulhento e curto que não leva a lugar nenhum, é o vôo do albatroz, longo, alto, silencioso e que transpõe continentes.
Geraldo Alckmin é o antípoda do Lula, por isto sua campanha não é feita de fatos espetaculosos, é uma síntese de sua personalidade discreta e operativa, que apresenta resultados, como demonstra toda sua vida política, principalmente seu Governo em São Paulo.
Assim sendo, ainda acredito que Deus é Brasileiro e por isso o Geraldo é o meu Candidato.


Ary Alcantara

Brasília, 27/04/2006

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