terça-feira, junho 26, 2012


A Deposição Paraguaia

A recente deposição do Presidente Lugo, pelo Congresso Paraguaio e referendada pela Suprema Corte, abre uma discussão que, a primeira vista, tende a se tornar semântica – legitimidade, golpe, constitucional etc. – mas no fundo envolve questões mais profundas a entender a real extensão dos processos democráticos vigentes na maioria dos países.
O caso paraguaio é emblemático e não é único, onde a situação constitucional de um poder se superpõe ao outro, no caso paraguaio o Congresso, simplesmente ao humor de declarar a gestão do executivo de incompetente, o impichou, não difere em nada dos presidencialismos imperiais a exemplo dos venezuelano, equatoriano e argentino, que humilha o judiciário e desqualifica e dirige o legislativo.
Mesmo no Brasil, onde as liberdades de controvérsia são evidentes, com a dependência econômica do legislativo ao executivo e do judiciário, subserviente nas designações de seus altos magistrados à escolha discricionária do executivo, pela indicação pessoal do Presidente da República, esta superposição invertida também não referenda a plena democracia na igualdade de poderes.
Os exemplos se sucedem no dia a dia, com os linchamentos políticos de uns e a impunidade de outros, referendados pelos legislativos, temerariamente apoiados em processos judicias sumários.
Sem entrar no mérito de sua falsidade política, a questão brasileira está presente, nos mesmos termos paraguaios, no recente processo de cassação de Senador Demostenes, onde sua única culpa provada está em manter uma amizade com um pretenso contraventor, ainda sem julgamento por suas suspeitas atividades, alegando-se que este lhe fazia vindicações, como se fosse obrigação de um membro do legislativo, ter conhecimento policial de todos que se lhe acercam com solicitações políticas.
Por outro lado, em recentes julgamentos, acusações igualmente pesadas a políticos e a procedimentos foram relegadas, como nos episódios, Renam, Sarney, Mensalão e Aloprados, entre outros.
Ou seja, as manifestações dos governos, Brasileiro e dos vizinhos, ao golpe paraguaio, mais parecem uma  reclamação de corda em casa de enforcado.
Por outro lado estas manifestações, principalmente a Brasileira, que admite com admiração a ditadura sanguinária de Cuba e as diatribes autoritárias de Chaves, são apenas suaves manifestações de retórica.
O Brasil no íntimo pôs as mãos ao Céu em desespero pela destituição de Lugo – sem trocadilhos ao ex-bispo – a interdependência econômica entre os dois países, é estratégica, principalmente para a região mais desenvolvida, a centro-sul. Mais que evidenciado pelo Complexo Itaipu e pala consentida licenciosidade fronteiriça, com o contrabando – em Brasília tem-se a emblemática Feira do Paraguai – e vai mais além.
O Brasil exporta mais de 10 vezes o que importa do Paraguai excluindo-se energia elétrica. Uma agressividade econômica além-fronteiras, com energia barata – que ao invés de ser vendida ao Brasil, seria oferecida aos meios de produção a instalar-se no Paraguai a preços ínfimos - facilidades com licenças ambientais, desburocratização trabalhista, investimentos infra-estruturais, levaria a concorrência em qualidade de preços de produção, além fronteiras,  não alcançáveis pela estrutura econômica brasileira. Os aspectos macro geográficos corroboram estas constatações – reafirma-se isto ao se atestar que o cerrado paraguaio é idêntico em produtividade ao brasileiro e a disponibilidade mineral também semelhante.
A migração de brasileiros produtivos – os Brasiguaios – lançou a semente no país vizinho da competitividade agrícola pela tecnologia de produção, com mais facilidade e com um governo que aposte na iniciativa de mercado liberal, este futuro é mais que evidente e não ficará limitada ao setor primário.
A desautorização e criminalização dos movimentos terroristas, contra a iniciativa privada, dos sem-terra e outros grupos semelhantes, apoiados, até então, pelo governo do destituído Lugo, será o sinal.
A decisão Paraguaia de utilizar e não vender ao Brasil os 50% de disponibilidade de Itaipu levaria o abastecimento energético da região centro-sul ao colapso e sem solução imediata. Este é o medo mais imediato do Governo Brasileiro.
Reforça este conjunto de avaliações as recentes manifestações Chinesas com o País vizinho.
A corroborar a notícia abaixo:
ASSUNÇÃO - O isolamento que os países do Mercosul desejam impor ao Paraguai já começa a se concretizar. O Paraguai foi excluído nesta segunda-feira de uma videoconferência entre representantes do Mercosul e a China. A reunião, transmitida pela internet, contou com as participações dos presidentes de Brasil, Argentina e Uruguai. O Paraguai não tem relações diplomáticas com o país, mas com Taiwan - até agora o maior entrave para o fechamento de uma acordo comercial entre o Mercosul e a China.

O melhor para a continuidade destes governos populistas da América Latina, de grandes discursos, atitudes voluntariosas e intempestivas, nenhuma ação produtiva e péssimos resultados, era a continuidade do “Bispo incompetente”.
O sucesso de economias independentes liberais produtivas, mesmo que hipotéticas, com certeza, não estão nos planos dos burocratas coorporativos, oriundos da falida esquerda latina americana.
O futuro Bolivariano do partido único hegemônico, apoiado no peleguismo, estremece ante a qualquer iniciativa de sucesso com mérito e empreendedorismo. Essa é real manifestação ao golpe paraguaio, não contra ao ferimento aos princípios democráticos, já que todos os signatários dos protestos os processam, mas ao medo de lhes desnudarem os verdadeiros propósitos e o risco, a seus regimes, da atitude liberal, mesmo que chegue por caminhos transversos.

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