A Deposição Paraguaia
A
recente deposição do Presidente Lugo, pelo Congresso Paraguaio e referendada
pela Suprema Corte, abre uma discussão que, a primeira vista, tende a se tornar
semântica – legitimidade, golpe, constitucional etc. – mas no fundo envolve
questões mais profundas a entender a real extensão dos processos democráticos
vigentes na maioria dos países.
O
caso paraguaio é emblemático e não é único, onde a situação constitucional de
um poder se superpõe ao outro, no caso paraguaio o Congresso, simplesmente ao
humor de declarar a gestão do executivo de incompetente, o impichou, não difere
em nada dos presidencialismos imperiais a exemplo dos venezuelano, equatoriano e
argentino, que humilha o judiciário e desqualifica e dirige o legislativo.
Mesmo
no Brasil, onde as liberdades de controvérsia são evidentes, com a dependência econômica
do legislativo ao executivo e do judiciário, subserviente nas designações de
seus altos magistrados à escolha discricionária do executivo, pela indicação
pessoal do Presidente da República, esta superposição invertida também não
referenda a plena democracia na igualdade de poderes.
Os
exemplos se sucedem no dia a dia, com os linchamentos políticos de uns e a
impunidade de outros, referendados pelos legislativos, temerariamente apoiados
em processos judicias sumários.
Sem
entrar no mérito de sua falsidade política, a questão brasileira está presente,
nos mesmos termos paraguaios, no recente processo de cassação de Senador
Demostenes, onde sua única culpa provada está em manter uma amizade com um pretenso
contraventor, ainda sem julgamento por suas suspeitas atividades, alegando-se
que este lhe fazia vindicações, como se fosse obrigação de um membro do legislativo,
ter conhecimento policial de todos que se lhe acercam com solicitações
políticas.
Por
outro lado, em recentes julgamentos, acusações igualmente pesadas a políticos e
a procedimentos foram relegadas, como nos episódios, Renam, Sarney, Mensalão e
Aloprados, entre outros.
Ou
seja, as manifestações dos governos, Brasileiro e dos vizinhos, ao golpe paraguaio, mais parecem uma reclamação de corda em casa de enforcado.
Por
outro lado estas manifestações, principalmente a Brasileira, que admite com
admiração a ditadura sanguinária de Cuba e as diatribes autoritárias de Chaves,
são apenas suaves manifestações de retórica.
O
Brasil no íntimo pôs as mãos ao Céu em desespero pela destituição de Lugo – sem
trocadilhos ao ex-bispo – a interdependência econômica entre os dois países, é estratégica,
principalmente para a região mais desenvolvida, a centro-sul. Mais que evidenciado
pelo Complexo Itaipu e pala consentida licenciosidade fronteiriça, com o
contrabando – em Brasília tem-se a emblemática Feira do Paraguai – e vai mais
além.
O
Brasil exporta mais de 10 vezes o que importa do Paraguai excluindo-se energia
elétrica. Uma agressividade econômica além-fronteiras, com energia barata – que
ao invés de ser vendida ao Brasil, seria oferecida aos meios de produção a
instalar-se no Paraguai a preços ínfimos - facilidades com licenças ambientais,
desburocratização trabalhista, investimentos infra-estruturais, levaria a concorrência
em qualidade de preços de produção, além fronteiras, não alcançáveis pela estrutura econômica
brasileira. Os aspectos macro geográficos corroboram estas constatações – reafirma-se
isto ao se atestar que o cerrado paraguaio é idêntico em produtividade ao
brasileiro e a disponibilidade mineral também semelhante.
A
migração de brasileiros produtivos – os Brasiguaios – lançou a semente no país
vizinho da competitividade agrícola pela tecnologia de produção, com mais
facilidade e com um governo que aposte na iniciativa de mercado liberal, este
futuro é mais que evidente e não ficará limitada ao setor primário.
A desautorização e criminalização dos movimentos terroristas, contra a iniciativa privada, dos sem-terra e outros grupos semelhantes, apoiados, até então, pelo governo do destituído Lugo, será o sinal.
A desautorização e criminalização dos movimentos terroristas, contra a iniciativa privada, dos sem-terra e outros grupos semelhantes, apoiados, até então, pelo governo do destituído Lugo, será o sinal.
A
decisão Paraguaia de utilizar e não vender ao Brasil os 50% de disponibilidade
de Itaipu levaria o abastecimento energético da região centro-sul ao colapso e sem solução
imediata. Este é o medo mais imediato do Governo Brasileiro.
Reforça
este conjunto de avaliações as recentes manifestações Chinesas com o País
vizinho.
A corroborar
a notícia abaixo:
ASSUNÇÃO - O isolamento que os países do
Mercosul desejam impor ao Paraguai já começa a se concretizar. O Paraguai foi
excluído nesta segunda-feira de uma videoconferência entre representantes do
Mercosul e a China. A reunião, transmitida pela internet, contou com as
participações dos presidentes de Brasil, Argentina e Uruguai. O Paraguai não
tem relações diplomáticas com o país, mas com Taiwan - até agora o maior
entrave para o fechamento de uma acordo comercial entre o Mercosul e a China.
O melhor para a continuidade destes
governos populistas da América Latina, de grandes discursos, atitudes
voluntariosas e intempestivas, nenhuma ação produtiva e péssimos resultados, era
a continuidade do “Bispo incompetente”.
O
sucesso de economias independentes liberais produtivas, mesmo que hipotéticas, com
certeza, não estão nos planos dos burocratas coorporativos, oriundos da falida esquerda
latina americana.
O
futuro Bolivariano do partido único hegemônico, apoiado no peleguismo,
estremece ante a qualquer iniciativa de sucesso com mérito e empreendedorismo. Essa
é real manifestação ao golpe paraguaio, não contra ao ferimento aos princípios democráticos,
já que todos os signatários dos protestos os processam, mas ao medo de lhes
desnudarem os verdadeiros propósitos e o risco, a seus regimes, da atitude
liberal, mesmo que chegue por caminhos transversos.
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